Na minha pele

segunda-feira, julho 31, 2006

Vazio - Dia 8

Um dia muito bom de trabalho, cheio de coisas gostosas.
Cheguei cansada em casa. Isso é ótimo...

Mas quanto mais o tempo passa, mais amoada eu fico.
Viver pela metade é imprestável...
Ainda mais quando os momentos de comunicação ficam cada vez mais escassos.

Cada dia me cansa.
Essa espera me cansa.

É como viver uma saudade eterna de uma vida que está ao seu redor, mas não é a completa.

Não é o "Lar doce Lar". Como essa foto... sou um urso polar vivendo em um zoológico.

Já estou chegando ao ponto de tentar desligar minha cabeça porque daqui pra frente sei que vou começar uma contagem regressiva para a volta dele.
Quero mais é desligar, fechar os olhos, não pensar muito, talvez assim o tempo passe mais rápido. Ou eu fique mais alienada...
Apenas meio alienada, sou uma metade, lembra-se?

Hoje vi um termômetro que marcava 11° em São Paulo. Há dois dias chove e faz frio.
Eu, como um urso polar, prefiro ficar quieta, hibernando.
Parece que o tempo resolveu refletir como ando me sentindo por dentro.
Com vontade de chorar ao ver nossa casa eternamente vazia...
Sentindo frio, não tendo em quem me encaixar na cama na hora de dormir...

Passa tempo, passa...

domingo, julho 30, 2006

Vazio - Dia 7


EU NÃO EXISTO SEM VOCÊ

Tom Jobim e Vinícius de Morais

Eu sei e você sabe
Já que a vida quis assim
Que, nada neste mundo
Levará você de mim

Eu sei e você sabe
Que a distância não existe
E todo grande amor
Só é bem grande se for triste(...eu discordo ...)

Por isso, meu amor
Não tenho medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham pra você


Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar

Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer

Assim como viver
Sem ter amor não é viver

Não há você sem mim
E eu não existo sem você

sábado, julho 29, 2006

Vazio - Dia 6

Não fossem as centenas de quilômetros que nos separam, não sentiria tamanho vazio porque há comunicação.
Cheguei a dar um viva para a tecnologia e à possibilidade de sempre falarmos ao celular.
Mas hoje, essa tecnologia só me deixou na caixa postal...
Não há maior crueldade com o coração de uma mulher apaixonada do que o SILÊNCIO.
No meio do Deserto do Jalapão....
Depois de horas de viagem noturna....
E nenhuma notícia.
Hoje o vazio aumenta porque desta vez ele foi quieto.

Para quem vai, os acontecimentos tomam conta do tempo e da mente!

Para quem fica... fica...
Fica a SAUDADE
Fica a espera
Fica a lembrança
Fica a dúvida de se está tudo bem
Fica a vontade de compartilhar
Fica a sensibilidade
Fica...
Fiquei...
Aqui....

Em um silêncio sepulcral durante quase todo o dia.
Mas...
Na chamada do celular vinha o DDD 89 e eu soube, era um sinal de vida do resto de mim, do outro pedaço da minha alma que ligava para dizer que estava bem. Entre cansados e quebrados, ele se salvara.
Isso me basta.
Ouvir sua voz, saber que está bem...
Agora tenho tanque mais cheio para continuar seguindo em mais alguns dias de vazio!

quinta-feira, julho 27, 2006

Vazio - Dia 4

Que adolescente...
Que coisa mais infantil...
Mas eu fiz...
Dei um beijo na foto dele...

Ahh a SAUDADE....

Mas os dias já parecem estar no automático.
A casa vazia está silenciosa.
O meu shampoo reclamou um pouco do sumiço do shampoo dele.
As flores perguntam por onde anda o rapaz que as comprou.
Já os travesseiros preferem não tocar no assunto senão podem ser encharcados de lágrimas.

Os telefonemas me deixaram mais saltitante ainda. Acho que com o passar dos dias a SAUDADE precisa ser berrada por telefone e fizemos isso várias vezes.
Ainda bem que existe a telefonia celular.
Um viva para a tecnologia.

Eu tenho me ocupado muito. Muito mesmo. Estou até fazendo freela, mas isso é mais para melhorar a situação financeira. O bônus é o tempo que eu não penso no vazio que dá ficar pela metade.
Ele longe e eu também.
Será que dá para fazer um desenho de uma pessoa pela metade estando ela inteira???

Mais um dia se passou, faltam menos do que antes, mas faltam... ohhhhhhh se faltam.

Vazio - Dia 3

Dormi mal, acordei muitas vezes...
O dia era de calor intenso e aproveitei que não tinha mais nada que me mantivesse na cama para simplesmente levantar, tomar banho e ir trabalhar.

Para a minha sorte as horas passaram rapidamente com um turbilhão de coisas no trabalho e isso me impediu, inclusive, de escrever ontem mesmo sobre o meu dia.
Mas ele foi tão feliz...
Cada vez que o telefone tocou e eu lia o seu nome, meu coração dava pulos de alegria.
Talvez seja essa a boa parte da SAUDADE, se é que existe alguma.

Sorte minha que as ligações foram muitas e meu coração pôde pular várias vezes.
Ele adorou ser acordado do seu sono de calmaria.

Resolvi acompanhar pela internet como andam as coisas lá pelos sertões e isso me fez sentir próxima, como se estivesse participando da história.

Quando voltei pra casa me mantive ocupada com as plantas e afazeres normais. Dormi durante o jogo do São Paulo pela Libertadores da América, mas não antes de receber um último telefonema daqueles...
Dormi melhor...

terça-feira, julho 25, 2006

Vazio - Dia 2

Ontem, ao chegar em casa, cheguei pela metade.
A outra metade de mim estava a caminho de Goiânia.
A casa continuava a mesma e os móveis nada me disseram além do normal, "estamos aqui".
O Nemo, meu peixe, também nada disse.
Mas quando me sentei ao computador para trabalhar, o mouse dizia algo, e quando vi, o telefone também... e mais tarde minha gaveta de camisetas e por fim, o livro que ele me comprou também tinha algo a dizer.
Eram palavras pra mim, com a letra dele.

Chorei! Como não???
Mas porque chorei?
De alegria por tê-lo na minha vida! De saudade por ele estar longe!

Tentei ficar solta na casa por pouco tempo.
Fiz meu prato com as sobras do delicioso almoço que ele fez e fui para o quarto assitir a um filme.
Dormi logo que pude porque estava com sono, mas a noite foi agitada e dormi mal.
Dormi do lado dele da cama, só pra variar.

Recebi uma surpresa à meia noite e ouvi sua voz no telefone.
Acordei atordoada com o toque alto do celular, falei alegre e rápido, devo ter parecido tranquila mas estava louca de vontade de bater um longo papo pra ver se o vazio dele diminuía. Não deu...

Hoje acordei cedo com a faxineira.
Ganhei flores dele...
Tentei não chorar emocionada.
Consegui!
Caiu apenas uma lágrima.

Fui para o trabalho e hoje trabalhei bem, me mantive ocupada e isso funciona sempre.
Depois do almoço levei um docinho de "bicho de pé" pra ele como faço sempre mas, desta vez, deixei na gaveta.
Se eu continuar com isso ele vai engordar quando voltar...hehehe

Continuei trabalhando.
Falei com ele muito rapidamente durante o dia.
Trocamos uma mensagem de celular com palavras de amor.
Fiquei muito feliz ao receber um oi dele por escrito.

Agora cheguei em casa e ela está linda, limpa, mas ainda pela metade.
Percebi que não só eu fico pela metade, mas nossa casa também fica meio meia...
Quero arrumar algumas coisas para surpreendê-lo quando chegar.
Ahhhh quando ele chegar...

Mas não se engane pelas minhas lamúrias.
Gosto de passar um tempo comigo, sempre gostei, já disse isso aqui.
É que com ele eu não só fico feliz, fico radiante.
As pessoas que me vêem falam isso toda hora.
Dizem que hoje meu rosto brilha.

Ao mesmo tempo que a viagem me entristece, me enche de alegria porque fico imaginando seu rosto e sua alma sorrindo. Tudo porque, por um curto período de tempo, ele está fazendo o que mais ama fazer, está fazendo o que nasceu pra fazer e ele merece isso.
Felizes aqueles que podem passar isso com ele, ver esse sorriso de que estou falando.

Quero mais é que ele viva isso intensamente e que faça isso sempre, para fazer valer todos os dias em que trabalha com coisas pequenas.
Ele é grande.
Merece grandes glórias, e essa é uma delas.
Em parte, hoje ele está em casa.
Mas também está pela metade porque a outra parte dele está aqui, comigo...

E aqui vou eu para a segunda noite deste vazio, mas desta vez, com flores em casa...

segunda-feira, julho 24, 2006

Vazio - Dia 1

Meu marido foi viajar.
Roubado de mim pela outra coisa que ele mais gosta de fazer na vida que é cobrir corridas de carro e em especial, o Rally dos Sertões.

Hoje eu o deixei no estacionamento do Estádio do Pacaembú e o vi caminhar até o ônibus pelo retrovisor meio embaçado do meu carro. Na verdade, o que embaçava o retrovisor eram as minhas lágrimas. Que foram modestas dado o fato de que não queria fazê-lo pagar mico parecendo uma esposa dramática.

Quando passava as marchas do meu carro enquanto o levava para o ponto de encontro, pensei nas mulheres dos soldados que iam para a guerra. Esses homens iam ficar fora por um tempo indefinido e partiam de casa para matar ou morrer. O que será que elas sentiam?
Porque a dor que insiste em colocar lágrimas nos meus olhos ao vê-lo partir por míseros 15 dias já dói há dias e dói muito.

Imagine não saber se a pessoa vai voltar?
Bom, na verdade, nunca sabemos de verdade se as pessoas vão voltar, mas há probabilidades.

Almoçamos um almoço contido, deliciosamente feito por ele como presente pra mim. Ganhei muitos beijos e declarações de amor.
Eu... tentei falar pouco porque qualquer movimento em falso me colocaria a chorar.

Na hora da despedida ele me deu uma carta, daquelas que causam um dilúvio.
Li um pouco depois, não queria bater o carro.

E agora fico aqui...
Esperando por duas semanas.
Na nossa casa que vai ficar tão vazia sem ele...
Na cama que ficará pela metade...
No café da manhã que não terá ele comendo bolachas com GUI, a minha manteiga especial.

Farei então um diário neste blog, estando na minha pele por mais uns dias sozinha.
Será mesmo que estarei sozinha?
Depois que estou com ele isso não existe mais, essa coisa de sentir-me só.
Mas sua falta vai causar outras sensações e são essas que eu não gosto.
Causa uma sensação que, em alguns países, nem há palavra para explicar:

SAUDADE!

Começo então o meu primeiro dia de vazio, louca para que chegue logo o dia 6 de agosto!

quarta-feira, julho 19, 2006

Olhando pra cima

Que bom que tem dias com lua e outros tantos sem ela.
Porque é quando ela está apagada do céu que a noite se enche de estrelas.

sexta-feira, julho 14, 2006

Casei!!!

Meu Deus!!! Eu casei e não tinha me dado conta!
Casei com a minha metade, com o encaixe pefeito!!

Casei?

O curioso é que eu não tinha reparado nisso até a hora que minhas amigas começaram a chamá-lo de "meu marido".
Ou quando não me senti confortável em dizer para o operador da Sky que meu estado civil era "solteira".

Porque não sou mais!

Uau

Mas onde foi parar o vestido de noiva, a aliança, o pedido de casamento?
É isso que é casar?
Fazer parte de uma das convenções mais antigas da humanidade?

Não.

Casar é, por opção, unir a sua vida à de outra pessoa para juntos seguirmos pela vida.
É querer compartilhar sua vida com essa pessoa e ganhar dela o mesmo tratamento.
É planejar e caminhar juntos.
É confiar.
É largar suas armas e seus escudos porque em um casamento isso não dura.
É amar em todas as horas. Nas boas e ruins.
É cuidar.
É se entregar de corpo e alma.
É se deixar alimentar de amor e de cuidados.
É querer cuidar.
E também é pagar contas...rs - mas isso a gente deixa para o dia 5 de cada mês

Ahhhh que bom que eu casei!

(PS: Tudo bem que adoraria usar o vestido de noiva (que já tenho a foto há anos...hehe) mas isso a gente pensa depois!)

O prazer de dormir!

O sono depois do almoço é uma delícia.
Aquele que bate na hora que estamos vendo Tv também é muito gostoso.

Mas agora eu descobri o melhor dos sonos: aquele quando o outro lado da cama está ocupado pelo grande amor da sua vida.

Sabe aquele príncipe encantado que ao invés do cavalo branco veio de Vitara Verde??? Então...

Nada como dormir abraçada. E depois desabraçar e no meio da noite, ao perceber que estamos longe corremos um para o outro.
Hoje vale a pena voltar pra cama.
Por vários motivos..rs
Mas dormir também é um deles!