OBRIGADA! - leia, este texto é para você

Hoje estava vendo televisão e passei uma hora ouvindo previsões catastróficas sobre o que está prestes a acontecer à todos nós se essa gripe do frango virar uma pandemia.

As saídas são minúsculas perto do número de problemas que devem ser resolvidos.Chegaram, inclusive, a falar do problema do enterro dos mortos...pois é, com uma pandemia as pessoas ficarão em pânico e em casa, e faltarão pessoas para enterrar as outras. Uma tristeza...

Aí resolvi recorrer ao meio impresso para, pelo menos, deixar por escrito o que tenho a dizer para todos os meus amigos daqui e de lá de cima. Sabe como é... a gente nunca sabe o dia de amanhã e não é bom deixar assustos mal resolvidos ou últimas palavras erradas.

Pelo amor de Deus, isso não é um texto fatalista ou tétrico... é apenas um agradecimento. É sempre bom agradecer.

Vamos lá:

Sou ciente da minha sorte perante o resto do mundo. Vivi minhas dificuldades, mas consegui vencê-las e isso é um mérito.
Nasci numa família que sempre me amou, e isso faz toda diferença.
Viajei pelos EUA, Itália e França. Conheci e curti várias praias brasileiras e mergulhei com minha família.
Ouvi histórias mitológicas sentada na escada e sob a voz do meu pai.
Ganhei colo mesmo aos 26 anos nas pernas de minha mãe.
Tomei bronca para cair na realidade sob a voz do meu irmão.
Obtive segurança e carinho inesperado de uma outra mãe.
Fui ao show do U2 pela boa vontade do meu padrasto.

Namorei muito e amei... isso é valioso.

Toquei violão, aprendi várias línguas, fiz teatro e sei dançar à dois. Isso sim é dança.

Comi muito bem...ah...comi bem mesmo e ainda aprendi com o mestre a fazer um bom risoto.

Com o tempo, aprendi a me preservar e a tomar decisões difíceis. Mesmo aquelas que você não sabe o que vai te ferir mais, ficar ali, ou tomar coragem e sair...bem, no fundo a gente sabe qual é a pior opção.

Chorei bastante, mas sonhei mais ainda.
Ri de quase tudo e vi muita televisão.
Sempre fui romântica, mas agora, com um pé atrás.

Nunca temi a morte, apenas a forma como ela vai me levar.

Tenho tantos amigos...amigos queridos... aqueles do peito, que me conhecem de verdade. Que estavam ali em diversas épocas da minha vida. Isso é um presente de Deus.

Obrigada pelas facilidades da minha vida e mais ainda pelas dificuldades onde pude aprender. Obrigada pela minha base familiar,sem ela eu talvez não tivesse chegado tão longe.


OBRIGADA PELAS MANHÃS COM SOL,
PELAS NOITES COM ESTRELAS,
PELOS PÁSSAROS CANTANDO,
PELAS CACHOEIRAS,
PELA BORBOLETA QUE POUSOU NO MEU PÉ,
PELO BANHO AO AR LIVRE,
PELO BEIJO DELE,
PELA LUA DA PRAIA DA BALEIA,
PELO BALANÇO DO RABO DO MEU CACHORRO,
PELO BRIGADEIRÃO NA GELADEIRA,
PELA POUCA CELULITE
E PELO ASSENTO NA JANELA DO AVIÃO.

A VIAGEM ESTÁ SENDO ÓTIMA!!!!!

U2 !!!!!!!!!!!!!!!!

FUI NO MARAVILHOSO, FANTÁSTICO E INESQUECÍVEL SHOW DO U2!!!!!!!!!!!!!!!!!!

O PRIMEIRO DIA É O MELHOR!!!!!

MEU DEUS QUE MARAVILHA!!!!

NUNCA IMAGINEI!!!!

O BONO É ...É ....É, O CARA!!!!

Eleições não são prova de Democracia.

Um viva para Demétrio Magnoli!!!!!
Finalmente achei um cérebro que respeito e que coloco à minha frente como meta! Não que outros não me inspirem, mas quando encontramos alguém que pensa e analisa as coisas 90% das vezes igual à você, saímos no lucro. Quero deixar claro que me identifico com suas análises sobre assuntos internacionais, que é o assunto mais interessante do mundo pra mim!!!

Enfim, vamos ao que interessa: ELEIÇÕES NÃO SÃO SINÔNIMO DE DEMOCRACIA.
O que tem acontecido muito frequentemente é acharmos que a imposição da democracia em outro país é uma forma de salvação.

ERRADO.

Veja a situação norte americana. O país invade outro país que, há anos vive sob um regime ditatorial ou convive em lutas tribais e religiosas; ocupa a região; impõe uma série de novas instituções sob seu comando, assume que as tribos e grupos religiosos irão conviver bem mesmo tendo perdido nas eleições; marca eleições sob intensa repressão; feitas as eleições e eleito um candidato está criada a democracia.

MUITO ERRADO. A democracia só existe quando o poder político é rodeado por uma série de instituições do poder público, com um Judiciário independente, com direitos simples como a liberdade de expressão, de ir e vir... Numa democracia as mulheres têm os mesmos direitos dos homens. A imprensa é livre. Achar que uma eleição no Iraque é a implantação da democracia é fazer-me rir. Isso, quando as eleições não são manipuladas pelos donos do petróleo ou pelo interesse dos países mais potentes.

Veja o que aconteceu depois da vitória do Hamas numa eleição até então aplaudida mundialmente. O país foi rejeitado, o governo foi repugnado e o país deve começar a sofrer sanções e a perder mercados.

Então, a democracia em certos países não funciona? A população votou, mas os países de fora não gostaram da escolha, portanto devem sofrer? Que nobre.

A solução é muito mais penosa, muito mais lenta e muito mais distante do que os governos tentam fazer parecer. O que fica evidente é a tentativa jesuíta de impor o que, aparentemente, funciona para nós, em países tão mais complexos. Mas a grande maioria acha isso bonito, aplaude a idéia e quando ocorrem eleições, todos sentem que uma missão foi cumprida. A não ser que o resultado não seja o esperado....

HORA DE REVERMOS NOSSA LEITURA DO QUE ACONTECE MUNDO!!!!

Billie Holiday!!!

Encontrei uma música da Billie Holiday que é de partir o coração. Mas não fala de tristezas bobas de corações apaixonados e sim, de um terror vivido pelo negros no sul dos Estados Unidos. Quem puder, sugiro que procure a música na internet e ouça, vale a pena.
Aqui vai a letra:

Southern trees bear strange fruit,
Blood on the leaves and blood at the root,
Black bodies swinging in the southern breeze,
Strange fruit hanging from the poplar trees.
Pastoral scene of the gallant south,
The bulging eyes and the twisted mouth,
Scent of magnolias, sweet and fresh,
Then the sudden smell of burning flesh.
Here is fruit for the crows to pluck,
For the rain to gather,
for the wind to suck,
For the sun to rot, for the trees to drop,
Here is a strange and bitter crop.

Memórias de uma Gueixa

Memoirs of a Geisha

O filme "Memórias de uma Gueixa" finalmente chegou às telas de cinema. Sentado à minha frente estava ninguém menos do que Rubens Evald Filho. Percebi que ele já tecia comentários durante o próprio filme e que no final, assim como eu, ficou na sala até o término dos créditos.

O filme é belo! Pelo menos para mim, que sempre me interessei pela cultura chinesa. Durante as duas horas e meia do filme, senti uma série de emoções que se misturavam entre revolta com o tratamento humano e respeito pela dedicação daquelas mulheres.

Existe a crueldade, existe a prisão, a inveja, o preconceito...mas também existe a luta, o amor, a dedicação a um propósito...

Durante boa parte do filme você é inserido no contexto de uma cultura tão antiga e em uma forma lenta de movimentos, frases, toques... Aí entram os americanos e nessa hora, me senti violentada. Uma cultura frívola, imediatista, mundana e desrespeitosa.
As culturas são tão opostas que chega a incomodar a tentativa de anexação.

Deve ser assim que povos islâmicos, muçulmanos, orientais e tantos outros, onde as regras e os costumes funcionam de forma tão regulamentada, vêem a nossa cultura ocidental. Tentar impor o que funciona para nós é violentar toda a estrutura social,política e familiar. Não quero dizer que um é melhor que o outro e muito menos, que os abusos, as intolerâncias e as atrocidades devam ser tolerados. Quero apenas apontar o mal que me fez sentir tão rapidamente a inserção de uma cultura, na outra.

Não há respeito pelos costumes do outro e isso é uma violência silenciosa.

Enfim, estou divagando por causa de uma cena ou duas.

Mas fica aqui a indicação desta beldade de filme que nos transporta para um mundo que hoje nem mais existe, mas que até então era um segredo a ser revelado.

Memoirs of a Geisha