sexta-feira, junho 09, 2006

Sendo Madrasta...

Eu tenho uma madastra que eu amo. Ela entrou na minha vida quando eu tinha 8 anos e, para a minha felicidade, continua até hoje nas nossas vidas. O curioso é que eu sempre tentei entender os sentimentos envolvidos na função "madrástica" mas eu nunca pude entender de verdade algumas coisas que pareciam capricho.

Aquela coisa que, na posição de filha, achava bobeira. Um certo ciúme da minha mãe. Mas não um ciúme de eu ser filha dela, mas da presença eterna que ela teria na vida do meu pai. Essa ligação que os dois terão por toda a vida. E como minha madrasta não teve filhos, por uma maldade da vida com ela, ela nem pôde criar esse vínculo com o meu pai, tendo apenas que se contentar com os dois que ele já tinha.

Quando eu percebia alguma situação estranha no ar eu achava meio desproporcional sabendo que minha mãe e meu pai nunca mais tiveram nada. E o ciúme e mal estar era dos dois lado, minha mãe querendo monopolizar o cargo de mãe e minha madrasta querendo garantir um posto de maternidade. Muito justo, porque minha mãe é minha mãe e minha madrasta é minha mãe também. Depois de tudo que vivemos, depois de tantos anos, depois de estar durante todos os momentos conosco, ela não pode ter um cargo menor do que este.

Mas eu não entendia na alma, na pele, na cabeça.

Agora eu entendo.... ou melhor, vou entendeo aos poucos.

Quando viramos madrastas somos estranhas no ninho. Temos um homem ao lado a quem amamos que já vem com um vínculo com outra mulher e com uma criança que já faz parte do relacionamento. A criança é uma felicidade, mas dá calafrios só de pensar em não se dar bem. Porque você ama o pai dela e quer que tudo dê certo, que se forme uma nova família e que todos achem os seus espaços.

Mas e a mulher que deu à luz à criança? Ela deve se preocupar com a vinda de uma madrasta para a vida da sua filha porque nunca se sabe a índole da outra até que se conviva e expor um filho dessa forma pode ser trágico. Mas isso é outro caso, não o meu.

O meu é o simples caso da nova madrasta que mal assumiu o cargo e já tem que lidar com um mundo de relações que ela não pode, nem deve tentar vencer. Existirá eternamente uma outra mulher e o que rezamos, pelo visto, nós madrastas fazemos todas isso, é para que ela se afaste cada vez mais com o tempo e fique simplesmente no cargo de mãe e não de companheira, esposa das antigas, ou qualquer coisa parecida.

O problema é que isso demanda uma série de gestos políticos e todos os lados devem estar empenhados em não cruzar certas linhas, porque elas existem queiramos ou não.
Cada uma das mulheres ou homens, no caso de padrastos, devem cuidar para entender até onde podem ir.

Eu ainda estou aprendendo e acho que levará um bom tempo e uma série de desencontros até que todas as bolinhas de gude voltem para os seus lugares e achem novos espaços.

Enquanto isso eu me empenho em não ser egoísta nem ciumenta. Me empenho em fazer da minha experiência de vida algo aproveitável e reciclável. Se vivi tantos anos como filha de madrasta agora tenho a oportunidade de estar do outro lado da moeda. Quem sabe ainda aprendo mais coisas que me façam entender cada centímetro da minha própria e querida madrasta.



Ahh, hoje entendo porque ela nunca gostou dessa nomenclatura, hoje eu entendo muito mais.


Nada como um dia após o outro e uma experiência após a outra.

Ufa...

Tomara que eu acerte... e se errar, que seja um erro pequeno. Que eu possa ser sábia e que o amor, apenas o amor me guie em todas as minhas atitudes. Acho que assim não tem erro.

2 Comments:

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